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Roda de Conversa em PD&I atrai o interesse de pesquisadores da UFG

Em 30/11/20 18:54. Atualizada em 01/12/20 09:46.

Variáveis e modelos de precificação em PD&I e cálculo de contrapartida institucional foram alguns dos temas discutidos

A primeira Roda de Conversa em PD&I sobre o tema “Como definir valor para serviço técnico-científico realizado na UFG” atraiu pesquisadores de diversas áreas da universidade que pediram, inclusive, o aprofundamento de alguns temas apresentados. O evento foi realizado no último dia 26, pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI), no YouTube UFG Oficial.

Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Jesiel Carvalho, que moderou o evento, a ideia é seguir no próximo ano com temas correlacionados à prospecção, ao estabelecimento da contratação e à realização de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com empresas e organismos do Estado e da sociedade civil.

Roda de Conversa-Jesiel

Variáveis de precificação

O professor Anderson Soares, do Instituto de Informática (INF-UFG), falou sobre as estratégias de precificação para cada caminho escolhido na obtenção de recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), desde as agências de fomento oficiais até o investimento direto das empresas. Soares é coordenador do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia), uma iniciativa da UFG e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).

Ele explicou que, no Ceia, são realizadas parcerias externas em formação, consultorias e P&D. Segundo Anderson, nos dois primeiros casos, os valores são definidos a partir da monetização por hora. Já na P&D, por mais que haja uma estimativa das horas, a lógica de monetização é um pouco diferente. “É por expectativa de entrega. E é expectativa mesmo porque é pesquisa, não há uma garantia”, salienta.

Roda de Conversa-Anderson

Anderson Soares relata que as variáveis da precificação que ele e sua equipe procuram ponderar são:

  • Momento da empresa – se é um setor em dificuldade ou não e se há histórico de investimento.
  • Momento do pesquisador envolvido – se já fez algum ou alguns projetos financiados;
  • Perspectiva de ROI – Retorno sobre Investimento – na entrega.
  • Se tem trabalho prévio – se tem ou não resultados preliminares, se tem resultados competitivos.
  • Perspectiva de ROI no tempo – qual o prazo para obtenção de vantagem em cima do resultado.

Já com relação a valores de bolsas, o professor explica que utiliza os valores de agências de fomento oficiais para balizamento, mas que o ideal é conseguir valores maiores do que esses. “Se queremos atrair um bom aluno que está em um bom momento, temos de ser competitivos de uma forma monetária.”

Contrapartida institucional

O professor Sérgio Sibov, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-UFG), que realiza sua atividade de pesquisa em colaboração com a Escola de Agronomia, na área de melhoramento genético, falou sobre um exercício realizado por ele para calcular a contrapartida da universidade. Isso foi feito em um projeto de P&D para empresa italiana interessada em mudas de cana-de-açúcar.

De acordo com Sibov, os valores necessários para recursos humanos, equipamentos e instalações a serem solicitados à empresa, para cinco anos de projeto, foram calculados em R$ 1,3 milhão. Então, ele e sua equipe foram pensar como poderia ser apresentada a contrapartida da universidade.

Roda de Conversa-Sergio

O professor mencionou o Método Linear para Cálculo da Depreciação e falou sobre como utilizou o padrão estabelecido por normativa da Receita Federal que traz o prazo de vida útil e a taxa anual de depreciação de centenas de itens.

Sérgio Sibov apresentou alguns aspectos dos cálculos dos valores das instalações, das máquinas e equipamentos, do pessoal e de consumo (água tratada, energia e combustível). Ele citou a Resolução da Saneago, com taxas específicas para cada tipo de consumidor, e a da Enel, também com relação de tarifas e taxas, que foram utilizadas para essas definições.   

“Nós queríamos ter ideia do quanto a UFG gasta. E, no total, estimamos uma contrapartida da UFG de mais de R$ 2,3 milhões. Não imaginávamos que alcançaríamos esse valor. Às vezes não percebemos o quanto é gasto para manter essa estrutura.”

Para Jesiel Carvalho, esse exercício é muito relevante. “Mostra que a empresa vai investir R$ 1,3 milhão para ter os resultados presumidos – lógico que há risco envolvido – mas há uma contrapartida da universidade que é o dobro do investimento que a empresa vai fazer.”

Modelos para mensurar receita

O professor Moisés Ferreira da Cunha, diretor da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (Face-UFG), falou sobre modelos utilizados para mensuração de receita futura. Ele sugeriu que, qualquer projeto, seja consultoria, prestação de serviços ou PD&I, deve ser analisado como se fosse uma miniempresa.

Moisés da Cunha explicou uma fórmula para cálculo do valor de um projeto, em que suas expectativas futuras de fluxo de caixa têm papel fundamental. Para calculá-las é preciso mensurar a receita futura e os custos que são principalmente os operacionais.

RodaDeConversa_Moisés

O professor indicou dois modelos. “Se você tem um fluxo de caixa com menos incerteza, você usa o modelo de Fluxo de Caixa Descontado.” Já para casos de grande incerteza futura, que é o caso dos projetos de PD&I, Moisés sugere o Modelo de Opções Reais, que trabalha com árvores de decisão, ou seja, avaliação de cenários com probabilidades.

Mas ele ressalta que a utilização de Opções Reais só se justifica quando se tem exclusividade no projeto e se não há dados históricos. Se não for o caso, o indicado é o Fluxo de Caixa Descontado, que é o mais praticado.

Próximas Rodas de Conversa

Os três professores que participaram desta edição da Roda de Conversa em PD&I elogiaram a iniciativa e disseram esperar que ela tenha continuidade.

Na avaliação do pró-reitor Jesiel Carvalho, o fato de a Roda de Conversa ser produto de uma demanda de vários pesquisadores mostra que a universidade está admitindo cada vez mais que um dos seus papéis sociais importantes é a interação com o mundo do trabalho, as empresas e o processo de produção de riquezas. Os pesquisadores de diversas unidades acadêmicas da UFG que assistiram à transmissão ao vivo da Roda de Conversa em PD&I demonstraram, por meio de comentários no chat do YouTube, que têm interesse em se aprofundar nos temas apresentados.

“Vamos seguir com a Roda de Conversa e pensar na possibilidade de realizarmos oficinas sobre temas relacionados ao que foi discutido, como sugerido por alguns participantes”, sinalizou Jesiel Carvalho.

Assista neste link à integra da live Roda de Conversa em PD&I.

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