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Professor destaca a importância dos dados governamentais para pesquisas de Ciências Sociais

Em 27/05/19 15:02. Atualizada em 27/05/19 15:04.

O fato de o Brasil possuir uma base de dados governamentais confiável e acessível foi destacado pelo professor Jordão Horta Nunes durante a palestra “Análise quantitativa de dados nas ciências humanas”, no último dia 23. A atividade foi desenvolvida dentro do Programa Diálogos em Pesquisa e Inovação, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da UFG com o patrocínio da Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis (Funtec).

“Precisamos aproveitar porque nós temos um bom sistema, pelo menos até agora, de produção de dados governamentais”, afirmou o palestrante. Ele pontuou que, no Brasil e em outros países, diferentemente dos Estados Unidos, os pesquisadores de Ciências Sociais  trabalham com medidas estatísticas simples e se apoiam no histórico. “Assim como Émile Durkheim fez. O forte do trabalho dele [no livro O Suicídio], no seu modelo explicativo, é o Método das Variações Concomitantes, e a análise histórica, o uso de base de dados secundários que é importantíssimo para nós”, destacou Jordão.

O professor ressaltou, por outro lado, que, nessa obra, Durkheim trabalhou com apresentação de resultados. “A diferença é que nós trabalhamos com um banco de dados completos, com microdados, na maior parte dos trabalhos quantitativos.” Para Jordão Horta Nunes, é encorajador trabalhar com métodos quantitativos quando se tem em mãos um banco de dados gratuitos. “Gastamos pouco para fazer um bom trabalho.”

Jordão também discorreu sobre os antecedentes da pesquisa quantitativa, destacando as contribuições de Adolphe Quételet e John Stuart Mill. “Segundo Quételet, o cálculo das médias permite a construção de uma antropologia no sentido de uma caracterização de como é o ser humano, com o objetivo de descrever o homem modelo que podemos perceber numa média. A média permite, para Quételet, atingir a verdade do ser humano.”

Sobre Stuart Mill, Jordão chamou a atenção para o livro Sistema de Lógica, composto de seis volumes, em que o autor procurou desenvolver uma metodologia que servisse para todas as áreas de conhecimento. “Daí vem o método dedutivo que seria a base de todos os métodos científicos”, pontuou.

No volume 6, A lógica das ciências morais, de acordo com Jordão, Stuart Mill mudou de ideia. Segundo o professor, as ciências morais são as protociências sociais e o autor percebeu que aquilo que ele havia proposto para todas as áreas científicas não funcionava bem para explicar o comportamento na sociedade. “Porque você não tem como isolar as variáveis como você faz no laboratório. Não tem como fixar as variáveis. Pelo menos, não é tão fácil. No âmbito empresarial, das políticas públicas, você até consegue fazer isso”, ponderou Jordão. Stuart Mill, então, apresentou um outro método, o método histórico, o qual prevê a utilização da estatística.

Durante a palestra, além do Método das Variações Concomitantes, tomando como exemplo o livro O suicídio, de Durkheim, Jordão Horta Nunes discorreu sobre a Análise de Correspondência Múltipla, a partir da obra de Pierre Bourdieu. O professor também mostrou exemplos de equação de Regressão e de Análise Fatorial, explicou o Método de Decomposição Oaxaca-Blinder e falou sobre medidas de Tendência Central e Dispersão.

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