
Adufg recebe exposição “Serra Dourada”, de Elder Rocha Lima
Toda a renda arrecadada com a venda das obras será revertida para a Reserva Biológica Prof. José Ângelo Rizzo
Acontece na sede do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), a partir da próxima quarta-feira, dia 10 de setembro de 2025, às 18h30, a inauguração da exposição “Serra Dourada” dedicada à obra do artista plástico e arquiteto Elder Rocha Lima (1928–2024). O evento, que permanecerá aberto à visitação até o fim do mês, reunirá um conjunto de gravuras que revelam a relação intensa de Elder com a paisagem do Cerrado e, em especial, com a Serra Dourada, localizada entre os municípios de Goiás, Buriti de Goiás e Mossâmedes.
Elder Rocha Lima foi um dos nomes mais significativos das artes visuais em Goiás. Arquiteto de formação pela Universidade do Brasil (atual UFRJ), se destacou também como professor, crítico de arte e artista gráfico. Em Goiânia, lecionou na UFG e na Universidade Católica de Goiás (atual PUC Goiás), participando ativamente da criação do curso de Arquitetura e Urbanismo desta última instituição, e presidiu o Instituto Bertran Fleury. Sua trajetória artística atravessou décadas, com passagens pela pintura, aquarela e desenho, constantemente atravessadas pelo diálogo entre estética moderna e identidade regional.
Segundo sua viúva, Maria das Graças Fleury Curado, a Serra Dourada sempre ocupou lugar especial na vida do artista: “Era o paraíso dele, o lugar onde passava a infância e para onde sempre voltava. Cada tela trazia não apenas a paisagem, mas um sentimento profundo de pertencimento”. Ao lado dela, o arquiteto e amigo próximo José Leme Galvão Júnior, o Soneca, destacou que Elder reinventou o Cerrado em sua arte, aproximando-se da tradição impressionista. “Ele não buscava retratar fielmente, mas transmitir impressões. O Cerrado dele é mais real do que o que se vê pela janela do carro: é memória, é poesia e é verdade artística”, afirmou.
A mostra apresenta parte desse universo, com obras que incluem o famoso políptico produzido para o Cine Teatro São Joaquim, na cidade de Goiás, além de mais de dez gravuras em bico de pena criadas com o objetivo de contribuir para a preservação ambiental. O conjunto não apenas revisita a Serra Dourada sob diferentes olhares, mas também reitera o compromisso de Elder com a valorização da cultura e da natureza goianas.
Filantropia
A exposição vai além da homenagem. Toda a renda arrecadada com a venda das gravuras será revertida para a Unidade de Pesquisa em Biodiversidade Prof. José Ângelo Rizzo (UFG), que administra a Reserva Biológica Prof. José Ângelo Rizzo, área de proteção localizada entre os municípios de Goiás e Mossâmedes. Foi justamente em uma visita à reserva que Elder encontrou inspiração para produzir parte de suas gravuras, que hoje se tornam instrumento de preservação do mesmo território que tanto o inspirou.
Com mais de 25 exposições ao longo da carreira, Elder Rocha Lima deixou um legado que combina rigor técnico e sensibilidade artística. Sua produção se tornou não apenas testemunho estético, mas também uma forma de defesa do Cerrado. Como destacou Graça Fleury: “O que desejamos é que o público, ao contemplar essas telas, leve para casa a mesma sensação de amor e respeito pela Serra Dourada que Elder sentia”.
A exposição “Serra Dourada” convida a comunidade acadêmica e a sociedade em geral a redescobrir esse patrimônio artístico e natural. Mais do que uma mostra de arte, o evento é um chamado à preservação, à memória cultural e à continuidade de um diálogo que Elder manteve durante toda a vida com a paisagem que o acompanhou desde a infância. A entrada é gratuita e aberta ao público.
O evento é promovido pela própria família de Elder Rocha e Instituto Bertrand Fleury, em parceria com a Adufg e UFG, por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI/UFG) e Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec/UFG).
Serviço
Exposição “Serra Dourada”, de Elder Rocha Lima
Local: Adufg (9ª Avenida, Nº 193, Setor Leste Vila Nova - Goiânia)
Inauguração: 10/09 (quarta-feira), às 18h30 de setembro)
Entrada: gratuita e aberta à visitação do público até o final do mês