Foto notícia 1_UFG recebe equipamento que viabilizou o surgimento de vacinas contra a Covid-19

UFG recebe equipamento que viabilizou o surgimento de vacinas contra a Covid-19

En 02/06/23 09:53 . Actualizado en 02/06/23 10:07 .

Máquina é única no Brasil e está instalada em laboratório localizado no Parque Tecnológico Samambaia

A Universidade Federal de Goiás (UFG) recebeu um equipamento pioneiro no desenvolvimento de fórmulas com nanopartículas lipídicas, um segmento da ciência que trabalha com elementos  menores que bactérias e que são visíveis apenas em microscópios eletrônicos. Para se ter uma ideia, foi graças a essa tecnologia, importada do Canadá, que pesquisadores e cientistas conseguiram desenvolver duas das principais vacinas contra a Covid-19: a da Pfizer e a da Moderna, que utilizam RNA mensageiro (mRNA), uma espécie de “receita genética” que “ensina” o organismo a produzir os anticorpos necessários para se defender do coronavírus.

O equipamento de microfluídica para produção de nanopartículas (The NanoAssemblr® Ignite™) é único no Brasil, e a opção pela instituição goiana para sua acomodação não foi por acaso: é no Parque Tecnológico Samambaia (PTS), mantido pela UFG, que está o Centro de Pesquisas LIFE – Laboratórios Integrados para Inovação em Ciências Farmacêuticas, um dos mais modernos do país, onde fica o FarmaTec (Centro de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Fármacos, Medicamentos e Cosméticos). O espaço, vinculado à Faculdade de Farmácia (FF) da UFG, foi idealizado e é coordenado pela professora Eliana Martins Lima.

A docente é a única representante do estado de Goiás no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Nanotecnologia Farmacêutica, um centro de pesquisa financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a partir do qual foi possível obter os recursos necessários para a aquisição do equipamento. O investimento foi de 130 mil dólares – ou cerca de 650 mil reais na cotação atual –, e a negociação contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Para Eliana, a grande vantagem desta máquina em relação a outras tecnologias similares diz respeito à segurança na reprodutibilidade das formulações. “Quando se fala em produtos com aplicação farmacêutica, como uma vacina ou medicamento, todas as unidades precisam ter uma mesma identidade”, afirma. Assim, se outras técnicas para a preparação de nanopartículas produzem variações mínimas no resultado, o processo de microfluídica sob pressão, realizado com o equipamento, assegura produtos sempre uniformes e homogêneos.

A tecnologia disponível na UFG tem caráter multiusuário e está aberta para a utilização de todos os integrantes do INCT. Laboratórios, indústrias, empresas e outras instituições também podem fazer uso mediante a contratação de serviços tecnológicos e custeio dos insumos necessários para o seu funcionamento. A utilização requer basicamente um chip de microfluídica descartável – que custa cerca de 200 dólares cada, ou R$ 1 mil na cotação atual – e seringas específicas, além dos componentes necessários para cada formulação.

 

Revolução

Uma das grandes dificuldades enfrentadas pela indústria farmacêutica é desenvolver volumes significativos de formulações sofisticadas e inovadoras. Eliana diz que o equipamento contorna o problema e é capaz de processar uma única formulação por vez, produzindo até 20 mililitros (ml) em menos de dois minutos. Com outras técnicas, a mesma quantidade de solução com nanopartículas, por exemplo, levaria horas e atravessaria várias etapas para ficar pronta, e mesmo assim o resultado não seria tão preciso. 

A utilização parece simples ante a complexidade do trabalho executado pela máquina: basta inserir o chip descartável, carregar as seringas já preenchidas, definir uma receita no display, carregar os tubos de coleta, iniciar a formulação e aguardar o retorno com a amostra. A expectativa, segundo Eliana, é que a tecnologia acelere o  desenvolvimento de nanopartículas com aplicação terapêutica e profilática (prevenção de doenças), categoria em que se inserem as próprias vacinas, sendo estes o foco dos trabalhos do grupo de pesquisa que coordena. 

Muito embora todas as áreas do conhecimento possam ser beneficiadas pela nanotecnologia, Eliana ressalta que é o campo da saúde que tem mais a ganhar. “De vacinas a medicamentos para o tratamento de câncer, o universo de oportunidades é enorme”, complementa. Atualmente, no país, só a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possui uma tecnologia próxima à que a UFG detém agora, mas com enfoque limitado no desenvolvimento e produção de algumas vacinas.

 Foto notícia 1_UFG recebe equipamento que viabilizou o surgimento de vacinas contra a Covid-19 Foto notícia 2_UFG recebe equipamento que viabilizou o surgimento de vacinas contra a Covid-19

Categorías: Notícias Noticias