1ª Semana de Ciência Aberta da UFG reúne estudantes e pesquisadores
Evento contou com marcos e diálogos importantes durante os dois dias de programação, em Goiânia
Foi realizado nesta quarta (15) e quinta (16), na sede do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), em Goiânia, o 1º Seminário de Práticas em Ciência Aberta, no contexto da 1ª Semana de Ciência Aberta da UFG. O evento teve o intuito de promover ações de formação e divulgação a fim de apoiar a comunidade acadêmica da Universidade em relação ao processo de abertura do fazer científico.
Durante a abertura, no primeiro dia (15), a reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, destacou o vanguardismo da instituição ao organizar a ação, sobretudo no contexto atual. “A abertura de dados e da ciência é uma realidade e embora existam pontos discutíveis, cabe também aos cientistas lidar com eles. Promover esse debate é útil, inclusive, para enfrentarmos problemas como a desinformação”, afirmou.
Representando a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), que apoiou o evento, o gerente de parcerias internacionais do órgão, Gabriel de Paula, levantou uma reflexão política. Para ele, “precisamos estabelecer um contato mais profundo com a sociedade e tornar mais mensurável o retorno do investimento feito pela população. Pensar a Ciência Aberta exige abrir também mais as ações realizadas por órgãos como a Fapeg”.
Ao comentar o lançamento do Centro de Ciência Aberta e do Repositório de Dados de Pesquisa, a pró-reitora de Pesquisa e Inovação da UFG, Helena Carasek, ressaltou o valor da iniciativa para o estado de Goiás e para o Centro-Oeste. “Também é importante se atentar às falas dos convidados internacionais que integram a programação, a fim de utilizar o exemplo do mundo para fortalecer nossa caminhada”, pontuou Carasek.
Já o pró-reitor de Pós-Graduação da UFG, Felipe Terra, fez questão de lembrar que a adoção de práticas em Ciência Aberta tende a melhorar a avaliação dos programas de pós-graduação da Universidade. “No próximo ciclo, já devemos nos deparar com o resultado desse esforço. Além disso, os pesquisadores encontrarão amparo e suporte para lidar com as novas exigências sobre o tema em chamadas e editais públicos”, frisou.
Por fim, a professora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/UFG) e coordenadora do evento, Laura Rezende, que apresentou o Centro de Ciência Aberta e o Repositório de Dados de Pesquisa, chamou atenção para o fato de que uma das contrapartidas recebidas pela UFG no âmbito do edital de Ciência Aberta em que foi contemplada diz respeito aos identificadores persistentes (DOI), o que ajudará a projetar a produção acadêmica. “O mundo localizará o que a UFG tem gerado”, ressaltou Rezende.
A mesa de abertura contou ainda com a participação da professora Marizangela Gomes, coordenadora do curso de Biblioteconomia da UFG, e de Adriana Ribeiro, diretora do Sistema de Bibliotecas (Sibi/UFG). Terminado esse primeiro momento da manhã, o palco deu espaço à conferência de abertura feita de forma remota e síncrona pelo professor Ernest Abadal Falguera, da Universidade de Barcelona. A mediação foi da professora Laura Rezende.
O convidado demonstrou como as políticas de apoio à Ciência Aberta na Espanha e na Europa têm promovido conquistas importantes nesse campo. Para ele, a experiência traz algumas lições importantes e desafios, a exemplo da necessidade de legislações e ações políticas, a implicação de estados, universidades e agências, o papel dos planos de atuação e as diferentes velocidades em cada etapa de implementação do processo.
No período da tarde, a primeira mesa-redonda, com o tema “Panorama de iniciativas nacionais de Ciência Aberta”, trouxe a participação de Maira Murrieta, da Iniciativa Open Government Partnership (OGP) e do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), Washington Segundo, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), e Carolina Howard Felicíssimo, da Rede Nacional de Pesquisa (RNP). Nesta atividade, a mediação também foi da professora Laura Rezende.
A segunda mesa-redonda, com o tema “Ciência Aberta em contextos institucionais brasileiros distintos”, contou com a presença de Vanessa de Arruda Jorge, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Juliana Fortaleza, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Keila Elizabeth Macfadem Juarez, do Projeto SiBBr (Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira), e professores Arthur Ângelo e Carlos Abs da Cruz, do curso de Educação Intercultural do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI/UFG). A mediação foi de Carolina Felicíssimo.
Segundo dia
No segundo dia (16), a programação começou com a palestra “Ciência Aberta no contexto da América Latina”, ministrada de forma remota e síncrona por Andrea Mora, da Rede Latino-Americana de Ciência Aberta (LA Referencia), e mediação de Washington Segundo. A fala da convidada ressaltou a importância da formação estratégica de redes e da união latino-americana na construção de uma política colaborativa, assim como os desafios estruturais encontrados atualmente.
Ainda no período matutino, foi realizada a mesa redonda com o tema “Práticas de Ciência Aberta no ecossistema científico”, com a participação de Lúcia da Silveira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Nivaldo Calixto Ribeiro, da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Abel Packer, cofundador do SciELO. A discussão, mediada por Fabiano Couto Corrêa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), concentrou-se em temas como a avaliação por pares, o preprint e o manejo de dados, entre outros.
Para concluir a programação, foram ofertados três workshops ao público presente. O primeiro, de tema “Elaboração de Plano de Gestão de Dados de Pesquisa (PGD-BR)”, por Fabiano Couto Corrêa da Silva (UFRGS). Nele, os participantes se aprofundaram na ferramenta brasileira, com a discussão teórica sobre as vantagens e desafios do compartilhamento de dados, a criação de planos de gestão e a estruturação destes.
Após a conclusão do primeiro momento prático, os participantes possuíam duas opções de workshops. Um deles, de tema “Elaboração de Plano de Divulgação Científica”, ofertado por Luiz Felipe Fernandes Neves, jornalista da Secretaria de Comunicação (Secom/UFG), buscou trabalhar fatores como alcance, público-alvo e a adaptação da linguagem para a sociedade, compartilhando técnicas de impulsionamento da publicização dessas pesquisas.
Simultaneamente, foi ministrado o workshop “Submissão de Conjuntos de Dados no Repositório de Dados de Pesquisa da UFG”, por Larissa Bárbara Borges Drummond, doutoranda da UFG, em que foi possível entender com mais profundidade questões como os conjuntos de dados, arquivos descritivos e métodos de submissão, códigos, fontes e o “Arquivo leia-me”, dentre outras. As atividades práticas foram alocadas nos laboratórios da Faculdade de Enfermagem (FEN/UFG), localizada no Campus Colemar Natal e Silva.
A organização do evento foi da PRPI/UFG, Laboratório do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca (Libris/UFG), FIC/UFG, Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM/UFG), Laboratório de Gestão da Informação e Comunicação (Labic/UFG), Laboratório de Etnobiologia e Biodiversidade e Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI/UFG). A realização teve o apoio da Adufg e financiamento da Fapeg.