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UFG participa de evento sobre métodos alternativos ao uso de animais em pesquisa

En 08/11/23 11:13 . Actualizado en 08/11/23 11:14 .

Considerado histórico, primeiro congresso nacional na área recebe delegação goiana com 12 pesquisadores

Desde a última segunda (06/11) está sendo realizado, no Rio de Janeiro, o  I Congresso Brasileiro de Métodos Alternativos ao Uso de Animais na Pesquisa e no Ensino (CBMAlt), evento que reúne estudiosos de todas as regiões do país para discutir o refinamento, a redução e a substituição do uso de animais em atividades de pesquisa e ensino. A edição é considerada histórica por ser inaugural e conta com a presença de uma delegação de 12 pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), instituição pioneira e protagonista nessa área. A programação vai até esta quinta (09/11).

Quem lidera a comitiva é a professora Marize Valadares, que está na Universidade há 20 anos e coordena atualmente o Laboratório de Ensino e Pesquisa em Toxicologia In Vitro (Tox In) da Faculdade de Farmácia da UFG (FF/UFG), o qual também fundou. Ela é uma das precursoras nos estudos de métodos alternativos no Brasil e uma autoridade no assunto. Para se ter uma ideia, foi graças a esse histórico de atividades e pesquisas sob a liderança da docente que a UFG sediou o primeiro grande evento prático da área no país, o Workshop Internacional Prático sobre Métodos Alternativos, em 2011.

Recentemente ela esteve no 12º Congresso Mundial de Métodos Alternativos (12th World Congress on Alternatives and Animal Use in the Life Sciences), realizado no Canadá, onde foi uma das convidadas a falar sobre educação nesse tema para as próximas gerações. “Dos cinco palestrantes, fui a única que apresentou atividades de educação promovidas nos últimos 12 anos, enquanto os demais focaram em ideias e projetos futuros. Para nós, da UFG, a educação para a próxima geração já começou há algum tempo”, destaca. Na esteira dessa constatação, o vanguardismo do Brasil foi coroado com a escolha do país para sediar a próxima edição do evento mundial, em 2025, também no Rio de Janeiro.

Para Marize, todo esse cenário que culminou na realização do primeiro congresso brasileiro e da opção pelo Brasil como país-sede do próximo congresso mundial decorre das mudanças na sociedade brasileira, incluindo demanda por novas metodologias. Nesse sentido, uma novidade importante foi a publicação, em fevereiro deste ano, da Resolução nº 58 do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que proibiu o uso de animais em pesquisas científicas de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

Mas além da questão ética relacionada ao sofrimento dos animais submetidos a experimentos, o que está em jogo é a produção de uma ciência de melhor qualidade. “No que diz respeito a alguns desfechos, o modelo animal não corresponde tão bem à complexidade da composição do organismo humano. Precisamos de uma ciência mais reprodutível e sem ruído, o que já é reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelas próprias indústrias cosmética e farmacêutica”, afirma a professora.

Bom exemplo dessa mudança de paradigma são os trabalhos realizados pelo Tox In/UFG – instalado no Centro de Pesquisas LIFE, dentro do Parque Tecnológico Samambaia da UFG (PTS/UFG) – em parceria com grandes companhias do ramo, várias delas patrocinadoras oficiais do Congresso. Uma iniciativa, em particular, a “Série de Webinars em Ciência in Vitro”, promovida junto à Unilever no ano passado, chegou a ser citada como referência por um dos líderes do Centro de Segurança e Garantia Ambiental da multinacional britânica, Gavin Maxwell, em entrevista ao periódico internacional CosmeticsDesign, especializado na indústria de cosméticos e cuidados pessoais.

O evento
O I CBMAlt é promovido pelo Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB/Fiocruz) em conjunto com Centro Brasileiro para Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM) e acontece no Hotel Windsor Marapendi, na Barra da Tijuca. Além da professora Marize, que ministrará uma palestra e participará de mesa redonda, outra presença de peso oriunda da UFG é a da professora aposentada e pesquisadora voluntária do Centro de Produção e Ciência em Biomodelos da UFG (CPCBio/UFG), Ekaterina Rivera, responsável pela conferência de abertura do Congresso.

Vale lembrar que Ekaterina foi declarada imortal e patrona da cadeira de número 1 da recém-criada Academia Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (ABCAL), presidindo a instituição na gestão 2023-2027. A delegação da UFG que comparece ao evento é formada ainda por pesquisadores de diferentes unidades acadêmicas, incluindo representantes da FF/UFG, do Instituto de Ciências Biológicas da UFG (ICB/UFG) e do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG (IPTSP/UFG), por exemplo. O grupo levou cerca de 15 resumos sobre pesquisas totalmente desenvolvidas dentro do Tox In/UFG.   

Outras referências nacionais e internacionais na grade de atividades são: Thomas Hartung (Johns Hopkins University); Antônio Anax (Lhasa Limited); Rodrigo De Vecchi (Episkin/L’Oréal Brasil); Thales Trèz (Universidade Federal de Alfenas); Bianca Marigliani (Humane Society International – Brasil); Luciene Ballotin (Inmetro); e Renato Ivan de Ávila, que cursou graduação, mestrado e doutorado na UFG, passou pelo Tox In e atualmente é toxicologista da Unilever.

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